Império Entrevista: Guilherme Bottura, o engenheiro que virou piloto da Ligier

Império Entrevista: Guilherme Bottura, o engenheiro que virou piloto da Ligier

01/09/2023

Formado em engenharia, Guilherme Bottura é um daqueles pilotos cuja paixão não está apenas em guiar: trabalhar a estratégia de corrida, o setup do carro e outros detalhes técnicos também enchem o piloto e proprietário da equipe BTZ de entusiasmo e adrenalina.

Foi isso que o motivou a, segundo ele, fazer uma loucura: pegar uma avião até a França, testar o protótipo Ligier JSP 320 em Magny Cours, e trazê-lo para o Brasil para encarar os carros mais rápidos do país. 

Nesta edição do Império Entrevista, Bottura fala sobre sua chegada ao Império Endurance Brasil e o sucesso do protótipo Ligier na categoria P1.

Você começou a competir no automobilismo há poucos anos, mais precisamente em 2020, na Fórmula Delta. O que te motivou a começar a correr e como foi esse primeiro contato com a pista, a bordo de um monoposto? 

Eu comecei como uma grande parte dos pilotos “gentleman”, que não passaram pelo kart na infância e não tem uma família ligada ao automobilismo. Comprei um carro e fui fazer track day.

O problema do track day é não ser uma competição. Não existe uma corrida. você está disputando solitário contra o cronômetro.

O passo natural para enfrentar outros pilotos é entrar em alguma categoria de turismo. No meu caso foi um pouco diferente, um amigo, o Pedro Burger, ia disputar o Campeonato da Formula Delta e tinha um carro sobrando e me perguntaram se eu queria tentar. Foi então que fiz a minha primeira corrida em Interlagos, de monoposto, com um grid de idade média de 16 anos!

Seu início no Império Endurance Brasil foi impressionante. Logo em seu primeiro ano, 2021, a bordo de uma Ginetta da extinta GT4 Light, venceu três corridas, conquistou quatro pódios e largou cinco vezes na pole. Me fala um pouco sobre como foi sua temporada de estreia e o que achou do seu primeiro contato com a categoria?

Depois da Formula Delta, eu passei a buscar outras categorias para correr. Entrei simultaneamente na Porsche Cup e no Império Endurance Brasil, na equipe do Esio Vicchiese, de Ginetta GT4. Éramos um trio, eu, Pedro Burger e o Gaetano Di Mauro 

Eu me encontrei nas provas de longa distância, onde o importante é maximizar um conjunto de fatores. É uma prova onde acontece de tudo, disputas por posição, erros, quebras, sorte... E no fim, quem conseguir a melhor combinação de todos esses ingredientes, vence.

 

Depois de um primeiro ano na GT4, você vem para temporada 2022 com um projeto ousado, não é mesmo? Me fala um pouco sobre o surgimento da equipe BTZ e de como você decidiu trazer o primeiro protótipo Ligier para o grid do Império Endurance Brasil. 

Essa foi uma daquelas loucuras que a gente faz, mas não se arrepende. 

Eu sempre quis montar uma equipe de corrida que focasse em performance. Eu sou engenheiro e grande parte do meu entusiasmo pelo automobilismo é o bastidor, a parte técnica, a estratégia. Conheci o Sergio Troy, outro engenheiro muito focado, e formamos um grupo para construir a BTZ, do zero. 

Com a equipe montada, precisávamos escolher onde competir. Eu liguei na Ligier França e perguntei se podia testar o carro. Eles me levaram para Magny Cours e também fizemos algumas simulações sobre como seria o desempenho do JS P320 TD na P1 do Império Endurance Brasil. Não era óbvio, mas resolvemos arriscar e deu certo.

A Ligier preparada pela equipe BTZ estreou com vitória em Goiânia e desde então venceu todas as corridas que disputou no Autódromo Internacional Ayrton Senna. Foram três no total! Qual o segredo desse enorme sucesso que vocês fazem na pista de Goiânia?

Me fala um pouco sobre como é guiar a Ligier. Qual foi a maior dificuldade que você teve para se adaptar ao protótipo francês depois de ter competido apenas com carros de GT? 

O nosso carro chegou do aeroporto direto para a pista de Goiânia. A gente teve que improvisar uma chave de roda para poder sair com o carro no primeiro dia. Mas naquele final de semana fez um calor desses de Goiânia e nosso carro aguenta condições bem duras, foi isso que sempre nos ajudou lá.

Pilotar um protótipo Le Mans é bastante diferente de GTs. O carro pesa 950 quilos e tem um grip aerodinâmico absurdo. Principalmente nas curvas de alta velocidade, onde GTs ficam mais instávei e você dá aquela tirada de pé. No protótipo, quanto mais rápido, melhor ele faz a curva. Uma vez que você se acostuma com a velocidade da volta e força G maior, fica mais fácil que andar de GT.

Ao longo desses anos, você sempre teve o Gaetano Di Mauro acelerando ao seu lado. Qual a importância do Gaetano na sua evolução como piloto de corridas?

R: O Gaetano hoje é um grande amigo. Ele é muito rápido. Mas, mais do que isso, ele é um excelente treinador. Além de pilotar, o Gae tem um grande domínio técnico dos dados e de setup, o que faz dele um profissional de ponta. 

Na BTZ, ele participa do processo do início ao fim, dando sugestões em todas as áreas. Duro é treinar de Kart Shifter com ele, ali eu apanho mais até do que na Ligier (risos).

 

Como você enxerga o crescimento da classe P1, principalmente com a chegada de novos protótipos Ligier. As disputas entre os carros mais rápidos do país prometem ficar ainda mais acirradas no segundo semestre?

A P1 é uma classe em franca expansão, justamente pela pluralidade de marcas e equipes. Vejo que teremos mais Ligiers a partir do ano que vem, além de AJRs e Sigmas cada vez mais consistentes. 

O Império Endurance Brasil está trabalhando de maneira séria na equalização dos carros e veremos disputas cada vez mais interessantes, onde todos tem chance de vencer.

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